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exercício
do anoitecer
exposição individual de PEDRO LACERDA
curadoria de ARTHUR GOMES
galeria Espaço Piloto
Brasília [df]
2019
A exposição exercício do anoitecer é a primeira individual de Pedro Lacerda, com curadoria de Arthur Gomes, realizada entre os meses de agosto e setembro de 2019 na Galeria Espaço Piloto, Brasília [df]. A mostra contava com 6 trabalhos de fotografia e vídeo, desenvolvidos entre os anos de 2017 e 2019.
do anoitecer
exposição individual de PEDRO LACERDA
curadoria de ARTHUR GOMES
galeria Espaço Piloto
Brasília [df]
2019
A exposição exercício do anoitecer é a primeira individual de Pedro Lacerda, com curadoria de Arthur Gomes, realizada entre os meses de agosto e setembro de 2019 na Galeria Espaço Piloto, Brasília [df]. A mostra contava com 6 trabalhos de fotografia e vídeo, desenvolvidos entre os anos de 2017 e 2019.
![flyer de divulgação](https://freight.cargo.site/t/original/i/8e524cde5c0e50571ec5854b26108c3b4d158fd0f3b62fe04216841d06220c3f/convite---expo.png)
![texto curatorial](https://freight.cargo.site/t/original/i/798978248002d0c7399cadc47d3f9c60b69dbf42ac2d7c88eadf35aa64849f2f/texto-curatorial-copy.png)
![mapa expositivo e legendas](https://freight.cargo.site/t/original/i/49c78e16056fc692f1264a8b118460c3765575ff62166bb4a1f4bd0271e278f2/texto-curatorial2-copy.png)
exercício do anoitecer
texto por ARTHUR GOMES
texto por ARTHUR GOMES
Abramos os olhos para experimentar o que não vemos, fala Didi-Huberman1. E ao fazê-lo, coloca como foco visual aquilo que falta, o que deixamos passar, o que está ausente. No momento em que a falta é força, é matéria e objeto, tudo o que ela não traz, tudo que se abstêm, se torna nela presente.
A ausência do uso, do sentido, da razão de existir, o acúmulo de passados, retornam a um tempo presente, lembram uma existência ativa, onde não havia ausência. No entanto, pensar esta ausência, se deparar com ela é um exercício difícil. Além do que não está lá, a ausência revela, enquanto encobre, tudo o que ali não mais existe mas que já houve, muitas vezes, aquilo do que não se quer lembrar. Dessa forma, pensar o ver do que se esconde no escuro é uma ação árdua e sensível.
“exercício do anoitecer” convida o espectador a uma investigação das não presenças, a um olhar lento sobre os registros de um pós-acontecimento. Ao contrário de uma supressão da existência, a falta é aqui retomada como um lembrete contraditório do existir. No escuro nada se vê, e os potenciais se expandem, vê-se por outros olhos. Exercitar o escuro, olhar a falta, é ao mesmo tempo retomar as existências outras que são trazidas por aquilo que deixam, que ao mesmo tempo não é memória. Pensar a ausência é pensar o que passou.
Trabalha-se então com a noção de espaços anoitecidos, no sentido da significância, do papel que desempenha, no sentido do que foi criado para, mas que desempenha outra função, dentro do escuro, uma função anoitecida.
O anoitecer aparece como espaço de esforço da visão, que se preocupa com o que não está mais diante dela. Pensar o anoitecer é se propor a enxergar sem a abundância da luz. Nos referimos ao que tem o seu sentido, a sua existência anoitecida, imersa em breu, embebida em ausência.
A ausência do uso, do sentido, da razão de existir, o acúmulo de passados, retornam a um tempo presente, lembram uma existência ativa, onde não havia ausência. No entanto, pensar esta ausência, se deparar com ela é um exercício difícil. Além do que não está lá, a ausência revela, enquanto encobre, tudo o que ali não mais existe mas que já houve, muitas vezes, aquilo do que não se quer lembrar. Dessa forma, pensar o ver do que se esconde no escuro é uma ação árdua e sensível.
“exercício do anoitecer” convida o espectador a uma investigação das não presenças, a um olhar lento sobre os registros de um pós-acontecimento. Ao contrário de uma supressão da existência, a falta é aqui retomada como um lembrete contraditório do existir. No escuro nada se vê, e os potenciais se expandem, vê-se por outros olhos. Exercitar o escuro, olhar a falta, é ao mesmo tempo retomar as existências outras que são trazidas por aquilo que deixam, que ao mesmo tempo não é memória. Pensar a ausência é pensar o que passou.
Trabalha-se então com a noção de espaços anoitecidos, no sentido da significância, do papel que desempenha, no sentido do que foi criado para, mas que desempenha outra função, dentro do escuro, uma função anoitecida.
O anoitecer aparece como espaço de esforço da visão, que se preocupa com o que não está mais diante dela. Pensar o anoitecer é se propor a enxergar sem a abundância da luz. Nos referimos ao que tem o seu sentido, a sua existência anoitecida, imersa em breu, embebida em ausência.
A fotografia, assim, é uma superfície, uma aparência ligeira do que se parece mas que não se confirma. Nenhum rasgo no papel se equipara às feridas que o mesmo representa. Nenhuma cicatriz diz tanto quanto um grito de dor diria2, nenhum registro será, de fato, aquilo que cristaliza, ainda mais quando este registro é da natureza do breu, sendo aqui o escuro o espaço do mistério.
No contexto da noite, os olhos são substituídos. A câmera vê, os shoots são tiros lançados para cima, cada um acompanha um lampejo que clareia um momento apenas. Dentro do escuro, a visão se perde. O lampejo não possibilita o ver, inebria e confunde ainda mais a visão. Na noite, o ver se dá pelos outros sentidos, o que fica são os restos, o que aparece depois do breu. Cada registro é uma imagem do que não vi, e retomando a fala do próprio artista, quanto menos posso ver, mais consigo sentir.
Por fim, à fotografia, aqui, não compete funcionar como um detector de espaços, ferramenta de mapeamento ou prova indicial do que foi, mas sim como um produto gerado por um estranho à situação. Uma tentativa, um resgate do vazio que se instaura nos esquecimentos em forma de espaços, lugares e objetos que, agora, estão sob a superfície da imagem. Preencher a solidão é registrá-la3.
1 DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha
2 LACERDA, Pedro. pérola - reflexões em método fotográfico
3 idem, ibidem.
No contexto da noite, os olhos são substituídos. A câmera vê, os shoots são tiros lançados para cima, cada um acompanha um lampejo que clareia um momento apenas. Dentro do escuro, a visão se perde. O lampejo não possibilita o ver, inebria e confunde ainda mais a visão. Na noite, o ver se dá pelos outros sentidos, o que fica são os restos, o que aparece depois do breu. Cada registro é uma imagem do que não vi, e retomando a fala do próprio artista, quanto menos posso ver, mais consigo sentir.
Por fim, à fotografia, aqui, não compete funcionar como um detector de espaços, ferramenta de mapeamento ou prova indicial do que foi, mas sim como um produto gerado por um estranho à situação. Uma tentativa, um resgate do vazio que se instaura nos esquecimentos em forma de espaços, lugares e objetos que, agora, estão sob a superfície da imagem. Preencher a solidão é registrá-la3.
1 DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha
2 LACERDA, Pedro. pérola - reflexões em método fotográfico
3 idem, ibidem.
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![](https://freight.cargo.site/t/original/i/180457fff804045eaf1e2fe115373cfa634682dcec6bc2205447cea842da236f/exerciciodoanoitecer-022-7672.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/5358799865ed9f562135b33c7e01ae9de8637480308f8be489d2e531d25c71bb/exerciciodoanoitecer-019-8001.jpg)
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![](https://freight.cargo.site/t/original/i/a2e98e278107f7dbd8d45b3d72939e1ab3fe234ba49da9d7fb566e964967693f/exerciciodoanoitecer-011-8121.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/73c731031f4b45b0ffb9f511880fd65b7815c8259f8f37212f9d4fd984502089/exerciciodoanoitecer-007-8094.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/081e5293dce506ac9d1d692821b5c4251604f6610b89fcacaa09726fe3f2833d/exerciciodoanoitecer-043-8169.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/244612559c4d94f051392775901dbe8b0b2f80b7e6125b70bcc8d6b7f7b693bd/exerciciodoanoitecer-025-7805.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/8aba99798b010e0258b2f173a85f3981a7a4af015210f561a1d810ed06c5e334/exerciciodoanoitecer-033-8292.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/c1d93e5a27e9cd622bd03194f00405a8f6e0b37487863a7bb3c284c64762e03b/exerciciodoanoitecer-029-8277.jpg)
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![](https://freight.cargo.site/t/original/i/564ecce0311f8f94fd9376d91a0cfa94f89282d6906ba6c1f0625007cf1d5b7d/exerciciodoanoitecer-048-7848.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/ec27ec604c779b5da3ccccd2b1be3c9ccf68f936d1857e8e9aa724679c38d98d/exerciciodoanoitecer-055-7937.jpg)
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curadoria de ARTHUR GOMES
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curadoria de ARTHUR GOMES
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